Saindo da sala de aula: a importância da prática na formação profissional
Débora Mendes Correia Silva
Fabio Alexandre Paiva Freitas
da Redação da Revista Scientia
Uma das principais formas de o estudante atuar no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, aprender e imergir dentro da profissão que escolheu é o estágio. É nessa etapa que o futuro profissional aprende as rotinas e coloca em prática a teoria aprendida em sala de aula, além de aumentar a bagagem de conhecimento e, inevitavelmente, fazer o currículo se destacar quando for se inserir no mercado de trabalho.
Em fevereiro de 2021, o Brasil tinha 900 mil estagiários ocupando vagas em diversas áreas, passando por Administração, Direito e os cursos de Engenharia. É uma parcela pequena quando comparamos com os pouco mais de 17 milhões de estudantes de nível médio/técnico e superior matriculados nas instituições de todo o país.
Na área da saúde, por causa da pandemia, essa demanda cresceu e, no primeiro semestre de 2020, foi registrado um aumento de 11% de acordo com dados do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). As oportunidades para estudantes de Enfermagem cresceram 8%, e para os alunos de Farmácia essa alavancagem foi de 11%.
E se estagiar já é bom para vivenciar a teoria, ser contratado após o término do estágio é ainda melhor. É dessa forma que muitos profissionais se inserem no mercado de trabalho dentro da profissão que escolheram e que as instituições trazem novos talentos para os seus quadros de colaboradores. No Hospital Sepaco, o setor de Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia (SADT) é a área com maior índice de contratação de estagiários, e boa parte da equipe atual é de profissionais que um dia fizeram estágio no setor.

“Hoje temos o campo de estágio como uma área estratégica no setor. Dessa formação é possível absorver estagiários capacitados para a equipe quando há disponibilidade de vagas. Dessas contratações, podemos dizer que mais de 35% da equipe atuante hoje foram nossos estagiários e conheceram as nossas rotinas e valores antes mesmo de serem contratados, o que resulta em 100% de aprovação durante a experiência”, afirma Érica Cristina de Carvalho Liranço, supervisora do setor de SADT e SAM.
No setor, os estagiários também acompanham procedimentos em diversas áreas que utilizam o serviço de radiologia, como centro cirúrgico, internação adulto e infantil, pronto-atendimento, UTIs, entre outros, bem como ver o funcionamento de equipamentos de alta complexidade, como tomografia, ressonância magnética, hemodinâmica, equipamentos fixos e portáteis de raios X e arcos cirúrgicos.
“Todos os estagiários têm seu preceptor durante o período que ficam no setor. Eles acompanham o técnico de raios X em todos os procedimentos e demandas e auxiliam na orientação pré e pós realização do procedimento, recepção do paciente, processamento das imagens e preparo da sala de exame”, explica a supervisora.
Érica, inclusive, faz parte dessa estatística. A trajetória dela no Sepaco começou há 18 anos, quando foi estagiária no curso Técnico em Radiologia. “Meu primeiro dia foi inesquecível: logo após a minha apresentação no setor, acompanhei o técnico que seria o meu preceptor até o Centro Cirúrgico. Lembro que fiquei bastante surpresa, pois estava vivenciando tudo o que havia aprendido até então somente na teoria”, relata.
“Estar dentro de um hospital e acompanhar uma cirurgia foram fortes emoções para mim que não pararam naquele momento: fui para a UTI e acompanhei um exame de um paciente politraumatizado. No final do dia, tive a certeza de que havia encontrado a profissão dos meus sonhos e a carreira que eu queria seguir”, lembra.
Érica faz parte das estatísticas de cases de sucesso e se destaca hoje por estar em um cargo de liderança. Histórias como essas servem de exemplo para quem está começando e engajam aqueles que hoje ainda estão nos bancos das escolas e faculdades, como é o caso de Loíta Maria Bolonhez Rivero. Ela é parte da turma de estagiários em Radiologia do ano de 2021 e revela que a experiência tem sido marcante para a carreira e para a vida.
“Tive a noção de como é a realidade dentro de um hospital, de como as coisas funcionam além da teoria e na realidade de uma coordenação hospitalar e de uma equipe multidisciplinar. Foi de extrema relevância para o meu conhecimento e aprendizado, pois percebi a importância da responsabilidade e respeito para com os pacientes”, afirma.
“Apesar de ter muito conhecimento teórico de como os equipamentos funcionam, estar diante do paciente operando é algo único. O desenvolvimento do trabalho junto aos equipamentos do hospital proporcionou uma experiência agradável justamente pela tecnologia pesada que é investida para facilitar os exames e melhorar o atendimento com o paciente, evitando radiação desnecessária”, declara.
Para ela, o que mais chamou a atenção foi a quantidade de serviços que um profissional técnico em Radiologia pode exercer, bem como colocar a teoria da sala de aula em prática. “Tem coisas que a faculdade não consegue nos mostrar, e o estágio consegue justamente preencher essa lacuna. Todas as dicas, instruções e ensinamentos teórico-prático dos preceptores ajudaram a entender como funciona a equipe multidisciplinar. Desde a convivência com outros profissionais, a gestão em torno da área e o contato com pacientes de todos os tipos, de bebês a idosos”, demonstra.
Loíta conta ainda que espera poder devolver para o Sepaco toda a experiência adquirida e que hoje ela leva em sua bagagem. “Espero poder contribuir com o hospital por todo o conhecimento adquirido em prol dos atendimentos aos pacientes. E também quero deixar minha simpatia por todos que me auxiliaram no desenvolvimento pessoal durante o estágio e agradecer a gestão pela oportunidade de operar sendo monitorada e auxiliada pelos profissionais já mais experientes”, finaliza.