A importância da Promoção à Saúde no tratamento da obesidade
Kátia Mayumi Baba Watanabe
Nutricionista do Núcleo de Promoção à Saúde da Autogestão Sepaco
A obesidade é uma doença crônica, progressiva, com causas multifatoriais associadas principalmente ao estilo de vida sedentário e de hábitos alimentares inadequados. Outras condições como fatores genéticos, hereditários, psicológicos, culturais e étnicos também contribuem para o acometimento da doença.
A forma mais utilizada pelos especialistas para identificação da obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC), uma fórmula que consiste na divisão do peso em quilogramas (kg) pela estatura em metros (m), elevada ao quadrado conforme a fórmula abaixo:

Com um IMC acima de 30 kg/m2, o indivíduo é considerado obeso, em níveis que podem variar do grau I, o mais leve, até o III (IMC > 40 kg/m2), que é o mais grave, também denominado obesidade mórbida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estarão acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade. No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos 13 anos (1).
Paralelamente ao crescimento da obesidade, observa-se aumento de comorbidades como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e diabetes mellitus tipo 2 (DM2), condições que aumentam o risco para doenças cardiovasculares. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) e seus agravos vêm aumentando significativamente nas últimas décadas mundialme-nte, sendo as principais causas de óbito em adultos.
Nas últimas décadas, a população está aumentando o consumo de alimentos com alta den-sidade calórica, alta palatabilidade, baixo poder sacietógeno e de fácil absorção e digestão. Essas características favorecem o aumento da ingestão alimentar, contribuindo para o dese-quilíbrio energético. O estilo de vida moderno também favorece o ganho de peso como a falta da atividade física e o estresse levando ao aumento do risco à obesidade.
O tratamento é complexo, de longo prazo, e envolve mudanças no estilo de vida com ênfase no tratamento nutricional, prática de atividade física, intervenções psicológicas, tratamento medicamentoso ou cirúrgico. A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são impor-tantes aspectos para a promoção à saúde e a redução da morbimortalidade, não somente por ser um fator de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e na qualidade de vida.
O Núcleo de Apoio ao Adulto (NAA) é um dos programas desenvolvidos pelo Núcleo de Promoção à Saúde do Sepaco Autogestão, que tem como objetivo orientar beneficiários da carteira Autogestão Sepaco e Sepaco Saúde para prevenção de riscos e doenças por meio de monitoramentos telefônicos de saúde e grupos educativos. Para esse público, temos duas vertentes: Grupo de Reeducação Alimentar e Grupo de Preparo para a Cirurgia Bariátrica.
O Grupo de Reeducação Alimentar tem como objetivo estimular os beneficiários com sobrepeso, obesos que não possuem interesse ou indicação para realizar a cirurgia bariátrica e interessados no assunto a mudar o comportamento alimentar, por meio de estratégias de intervenção para mudança de estilo de vida e monitoramentos telefônicos estruturados conforme o risco do paciente.
Trata-se de encontros terapêuticos mensais, mediados pela nutricionista e pela psicóloga da
equipe, com duração média de 60 minutos. São abordados temas como Reeducação alimen-tar, Reconhecendo a fome emocional, Escolhas e o comer consciente, Transtornos alimentares, planejamento e organização do plano alimentar, leitura de rótulos de alimentos, montagem do prato, aproveitamento integral dos alimentos, alimentos inflamatórios, saúde do intestino, entre outros assuntos.
Já no Grupo de Preparo para a Cirurgia Bariátrica, o beneficiário precisa atender aos critérios descritos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde 2021- Anexo II – Diretrizes de utilização para cobertura de procedimentos na saúde Suplementar (RN -465/2021) ANS GASTROPLASTIA (CIRURGIA BARIÁTRICA) POR VIDEOLAPAROSCOPIA OU POR VIA LAPAROTÔMICA para ser elegível ao procedimento. O profissional que realiza essa
avaliação é o médico cirurgião gastroenterologista.
Uma vez elegível, o beneficiário é orientado a entrar em contato com a equipe do NPS para dar prosseguimento às informações sobre o processo da cirurgia. Além de realizar consultas individuais com especialistas, é proposto o grupo educativo que tem como objetivo promover estratégias de intervenção e conscientização da importância da mudança do estilo de vida, assim como esclarecer dúvidas quanto aos tipos das técnicas da cirurgia, cuidados da enfermagem no pós-operatório, aspectos emocionais da obesidade, a importância da rede de apoio, alimentação na fase pré e pós-operatório e a importância da organização e do planejamento alimentar. Também é um espaço para a troca de experiências entre os participantes que estão vivenciando a mesma situação para que estejam mais seguros
e assertivos de suas decisões. Ao final do grupo, é emitido o certificado de conclusão do curso.
Além do grupo educativo, é realizado monitoramento de saúde tanto na fase pré como
no pós-operatório para assistir o beneficiário quanto ao seguimento do plano terapêutico.
Faz-se importante reconhecer os riscos da obesidade para a saúde a fim de promover uma melhor qualidade de vida
Referência bibliográfica
• ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mapa da Obesidade. São Paulo: ABESO, 2019. Disponível em: <https://abeso.org.br/obesidade-e-sindrome-metabolica/mapa-da-obesidade/