Incorporação de tecnologias para punção venosa periférica no Hospital Sepaco
Edna Olimpio Gomes
Enfermeira de Terapia Intravenosa no Hospital Sepaco
Durante o período de hospitalização nos deparamos com expressões de sentimentos por parte do paciente que revelam “medo, estresse pelo ambiente desconhecido, separação da família, perda do autocontrole e dor”. Diante desse cenário, ressaltamos principalmente a dor relacionada a procedimentos, como a punção venosa periférica.
Tendo em vista que a punção venosa periférica é um procedimento rotineiro em nossa unidade hospitalar, com a finalidade de administrar medicamentos, bem como coletar exames para viabilizar análise clínica, o procedimento se torna um desafio cada vez maior para os profissionais de saúde, a fim de minimizar a dor e o sofrimento dos pacientes que são submetidos à punção venosa. Com base nesse contexto, visando à humanização e assistência adequada, a redução das tentativas de punção seria uma estratégia importante. Além disso, levaria à redução de custos com materiais e consequentemente melhora na qualidade do procedimento. Dessa forma, procuramos no mercado uma tecnologia inovadora, que nos auxiliasse a reduzir os fatores estressantes e a ansiedade relacionados ao procedimento em questão.
No levantamento realizado encontramos o aparelho Vein Viewer® da empresa Hemocat. Trata-se de um visualizador de veias periféricas, que permite detectar veias até 10 mm de profundidade. Através da tecnologia Near Infrared – NIR (Luz Quase Infravermelha) que é absorvida pela hemoglobina, podemos enxergar todos os padrões de sangue dentro e fora do vaso venoso em uma imagem digital e em tempo real.
A tecnologia NIR é inofensiva, oferecendo segurança para o paciente e para o profissional que a utiliza. A imagem projetada pelo equipamento Vein Viewer® tem 97% de acurácia, o que garante que o vaso que está sendo visualizado é do tamanho e calibre reais.
O principal objetivo desse equipamento é gerenciar o acesso venoso periférico (pré, durante e pós-PDP), pois permite escolher o melhor vaso para a punção, bem como analisar o fluxo sanguíneo, identificar válvulas e bifurcações, observar o flushing da medicação dentro do vaso, direcionar o cateter caso a veia role (veia bailarina), identificar hematoma, infiltração e extravasamento. Uma tecnologia sem contraindicação, que pode solucionar um problema cada vez mais recorrente nos hospitais: o acesso venoso difícil.
Esse equipamento requer alguns cuidados, como transportá-lo com o braço dobrado e alinhado contra a coluna de suporte e cabeçote voltado para a haste de transporte, bem como mover o nivelador para cima em todas as travas para destravar as rodas, e que seu transporte seja de forma suave, não causando impacto com o cabeçote como observado na figura 1, além de um método de limpeza adequado, como usar um pano sem pelos umedecido com álcool isopropílico 70% para limpar as lentes e todas as superfícies expostas.

Foi realizado um teste com o aparelho durante um período de cinco dias na Unidade de Pediatria do Hospital Sepaco, em uma população com fatores de risco para insucesso da punção, dentre eles, fragilidade capilar, percentil maior do que 90% do peso, prematuridade, peso menor que 2500 g e déficit de volume de líquido. Observamos com esse teste a efetividade e o aumento na assertividade das punções (acesso venoso periférico, coletas de exames, e até passagem de Cateter Central de Inserção Periférica – PICC – na faixa etária pediátrica), considerando como assertividade até duas punções por profissional no mesmo paciente (figura 2).

Figura 2: Imagem projetada para assertividade nas punções. Foto: Jonatas Oliveira
Com a aquisição do primeiro aparelho Vein Viewer® na Unidade de Pediatria, controlamos o fluxo de utilização institucional, que mostrou resultados de 86% de sucesso nas punções, conforme tabela 1.

Tabela 1: Comparativo das punções por setor
Diante dos resultados, o Hospital Sepaco adquiriu mais dois aparelhos, que estão alocados na Unidade de Terapia Intensiva Adulta e no Pronto Atendimento, contemplando os demais setores, quando necessário. Realizamos treinamento institucional com a equipe de enfermagem na fase de pré-teste e após a aquisição do aparelho, totalizando 192 profissionais multiplicadores habilitados para o manuseio.
Com base neste experimento, concluímos que o Vein Viewer® é dotado de uma tecnologia facilitadora, a qual nos trouxe um impacto positivo de assertividade nas punções venosas periféricas, coleta de exames, bem como na passagem de PICC na Unidade de Pediatria (figura 3). Além disso, o equipamento propicia aos profissionais de enfermagem maior segurança diante do cenário “paciente, família e procedimento”, com melhora da satisfação e empatia dos pacientes e acompanhantes durante o momento crítico do procedimento de punção venosa.


Figura 4: Após realizar a implantação do novo aparelho, a enfermeira Edna realizou diversas avaliações e treinamentos com todas as equipes que passariam a adotar o equipamento em suas rotinas de trabalho. No exemplo, Edna instrui a enfermeira Leticia Lemes de Oliveira, da Unidade de Internação Pediátrica, e ensina a forma correta de interpretar a avaliação demonstrada pelo aparelho. Foto: Jonatas Oliveira