Ergonomia no dia a dia
Amanda Germano Pereira
Técnica de Segurança do Trabalho no Hospital Sepaco
Dores no corpo são comuns e podem ser geradas por vários motivos, tanto no ambiente de trabalho como fora dele.
A ergonomia é a disciplina científica preocupada com a compreensão das interações entre humanos e outros elementos, que aplica teoria, princípios, dados e métodos para aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema. A aplicação da ergonomia no trabalho auxilia na diminuição de afastamentos por fatores osteomusculares, aumenta a produtividade, reduz custos e níveis de estresses, dentre outros benefícios.
Pensando na melhoria das atividades e evitarmos distúrbios osteomusculares, com uma união de eficiência e saúde e segurança do colaborador o SESMT (Serviço Especializado em Medicina e Segurança do Trabalho) desenvolveu Análise Ergonômica do Trabalho (AET) ferramenta que permite avaliar a situação real dos postos de trabalho, identificando possíveis causas e ligações com problemas organizacionais. Desse modo, é possível realizar ações que visam corrigir falhas nos ambientes de trabalho e evitar condições conflitantes com as ideais.
A análise ergonômica contemplou todos os setores do Sepaco e se deu a partir de entrevistas com colaboradores, registro fotográfico e utilização de metodologias de ergonomia, para alcançar melhor precisão em seus resultados. A partir dai surgiram diagnósticos e por fim foram feitas recomendações ergonômicas. Na página seguinte, temos um esquema de organização da AET.
Para elaboração da AET foram utilizadas três das diversas ferramentas de ergonomia existentes, são elas (figura 1):

Figura 1: Organização AET – Esquema elaborado pelo autor.
RULA Análise Rápida dos Membros Superiores (RULA – Rapid Upper Limb Assessment). Análise rápida dos membros superiores é um método simples de levantamento de informações com fins na investigação ergonômica nos postos de trabalho que tenham potencial causador de desordens musculoesqueléticas. O método usa diagramas das posturas do corpo e três escores que permitem a avaliação da exposição aos fatores de risco; por ser um método simples, não precisa de nenhum equipamento especial para a realização da análise (figura 2).

REBA – RAPID ENTIRE BODY ASSESSMENT (REBA) é um método desenvolvido para avaliar posturas de trabalho imprevisíveis e foi baseado no RULA, OWAS e NIOSH. O método permite a análise das posturas adotadas no trabalho, de forças aplicadas, de tipos de movimentos ou ações realizadas, atividade muscular, trabalho repetitivo e o tipo de pega adotada pelo trabalhador ao realizar o trabalho. O REBA permite avaliar tanto posturas estáticas quanto dinâmicas e, ainda, mudanças bruscas ou inesperadas na postura. Divide o corpo em segmentos para serem codificados individualmente, e avalia tanto os membros superiores, como o tronco e pescoço, e os membros inferiores .
Checklist de Couto é uma avaliação simplificada de fator biomecânico, no risco para distúrbios musculoesqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho. Tem como objetivo combater e corrigir possíveis ocorrências de LER e DORT. Através do checklist são abordados com perguntas, que tem a resposta negativa ou positiva, gerando uma variação de 0 a 1 respectivamente, podendo esses valores se inverterem de acordo com a abordagem do questionamento. Ao fim do questionário somam-se as respostas e tiram-se a porcentagem delas comparando, em seguida, com um padrão que estabelece os critérios de avaliação que relata as condições ergonômicas em cada posto de trabalho abordado pelo checklist (figura 3).

Figura 3: Exemplo simplificado do checklist de Couto – adaptado pelo autor.
Além das metodologias citadas também foram consultadas a Norma Regulamentadora 17 e Normas Técnicas Brasileiras (NBR) como NBR 11228-2:2017 – Movimentação Manual – Parte 2: Empurrar e Puxar, NBR 11228-1:2017 – Ergonomia – Parte 1: Levantamento e Transporte de Cargas; NBRISO 11226:2013 – Ergonomia — Avaliação de posturas estáticas de trabalho; ABNT ISO/TS 20646:2017 – Diretrizes ergonômicas para a otimização das cargas de trabalho sobre o sistema musculoesquelético.
Em um período de 8 meses, foram observados 92 setores do Sepaco, onde foram apuradas 172 tarefas. A análise foi elaborada considerando as atividades mais repetitivas em cada tarefa executada pelo colaborador e a partir daí, foram extraídos os resultados, sendo: 130 situações de nível baixo que corresponderam por 76% do total, 38 de nível médio correspondente a 22% do total, 4 de nível insignificante representando 2% do total e nenhum em risco alto ou grave. A figura 4 ilustra o balanço realizado pelo SESMT.

Figura 4: análise do risco ergonômico da instituição
O estudo não fez comparações entre o biotipo do homem e mulher e sim às atividades realizadas, idealizando a melhor situação para ambos, nos postos de trabalho.
Os resultados obtidos indicam que a instituição está no caminho certo, promovendo na medida do possível, condições favoráveis de trabalho. Entretanto, ainda temos oportunidades para melhorias. O importante é que, no geral, os colaboradores dispõem de condições favoráveis de trabalho e a empresa se preocupa com isso.
A partir dos resultados obtidos, foram elaborados planos de ações setoriais, que estão em fase de implantação. A disponibilização de alguns materiais ergonômicos (apoio de punho, mouse pad, suporte para monitor e apoio para pés) praticamente já foram concluídos.
A análise ergonômica do trabalho (AET) propõe um novo patamar, onde as características do ambiente se adequem ao colaborador, com a finalidade de conciliar a otimização das atividades e conforto. As análises realizadas, quantificando as dificuldades de cada tarefa, demonstram o que está adequado e o que pode se aperfeiçoar no processo, buscando sempre a melhoria contínua nos postos de trabalho.
O objetivo de agora em diante é manter os avanços e adequar as situações em nível médio, gerando conforto e segurança para os colaboradores e diminuindo afastamentos do trabalho.
