O que é ECMO?
Dra. Patrícia Tiemi Kamiya Yonamine
Médica da UTI Pediátrica e membro do Time de ECMO do Hospital Sepaco

A ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) é uma modalidade de suporte de vida extracorpórea que possibilita a assistência temporária à falência da função pulmonar e/ou cardíaca, refratária ao tratamento clínico convencional. Nos últimos anos, essa tecnologia vem se tornando cada vez mais conhecida e o seu uso vem aumentando progressivamente em todo o mundo. Só em 2019, a ECMO foi utilizada em 15.875 casos, conforme registros da ELSO (Extracorporeal Life Support Organization).
Cabe ressaltar que a ECMO não é uma terapêutica curativa, e sim uma forma transitória de suporte que permite a otimização dos cuidados ao paciente até que o mesmo recupere suas funções cardíacas e/ou pulmonares.
Existem duas modalidades de ECMO que podem ser utilizadas: a veno-venosa e a veno-arterial. Na ECMO veno-venosa, o sangue é drenado de uma veia central, impulsionado por uma bomba mecânica para que atravesse uma membrana extracorpórea localizada no circuito da ECMO (onde são realizadas as trocas gasosas) e então, o sangue é reinfundido de volta para a circulação venosa do paciente. Na ECMO veno-arterial, o sangue oxigenado retorna para o sistema arterial do paciente, fornecendo um suporte hemodinâmico, além do suporte ventilatório.
A principal indicação da ECMO são nos casos de insuficiência cardíaca ou pulmonar graves, não responsivos aos tratamentos clínicos convencionais. A ECMO tem um risco de mortalidade em torno de 50%, portanto, ela é indicada nas situações com risco de mortalidade maior que 80%. Uma outra indicação que vem cada vez mais sendo utilizada são nos casos de parada cardiorrespiratória prolongada (eCPR), realizada em centros com um programa de ECMO bem estruturado e consolidado.
A primeira ECMO realizada no hospital Sepaco foi no ano de 2013 na UTI pediátrica, em um paciente em pós operatório de cirurgia cardíaca que apresentou falha na saída de CEC (circulação extracorpórea utilizada em cirurgia cardíaca), sob as orientações do Dr. Lucio Flávio Peixoto de Lima (coordenador da UTI neonatal e pediátrica) e do Dr. Carlos Eduardo Tossuniam (chefe do serviço de cirurgia cardíaca pediátrica). Desde então, mais de 40 ECMOs foram realizadas na instituição, sendo a maioria em crianças e em casos de pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Diante da alta complexidade destes pacientes, a instituição iniciou a estruturação e treinamento do time de ECMO, que conta com uma equipe multidisciplinar com a capacitação requerida ao atendimento desse perfil de paciente.
A ECMO é uma ferramenta muito útil nos dias atuais, ampliando o horizonte da terapêutica disponível para pacientes graves. Porém, a sua eficácia é diretamente relacionada com o manejo adequado do conjunto máquina/paciente, exigindo um contínuo aprendizado de todos os envolvidos nos seus cuidados.