A necessidade de humanização na UTI Neonatal para o desenvolvimento do recém-nascido

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Elyana Reducino dos Santos Georgiou Vicente
Supervisora de Enfermagem da UTI Neonatal

O vínculo familiar é um dos principais fatores que influenciam na evolução do paciente e na minimização do sofrimento. Foto: Freepik

A hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal traz inúmeras implicações para os envolvidos no processo de hospitalização nessa unidade: o recém-nascido, sua família e a equipe multidisciplinar, cujo processo de trabalho deve permitir a realização do cuidado com a especificidade necessária ao paciente neonatal.

A importância da manutenção da qualidade de vida do prematuro determina a busca de um atendimento individualizado e direcionado ao desenvolvimento integral do bebê e de sua família.

Com o objetivo de imersão dos pais no cuidado, eles são convidados a participar da visita multidisciplinar que acontece todas as manhãs dentro da UTI Neonatal, onde são expostos pelos membros da equipe o estado atual e a programação terapêutica a curto e médio prazo, melhorando muito o medo, a insegurança e a ansiedade desses pais.

Nascer antes do tempo significa que muitos sistemas ainda precisam amadurecer ou se formar fora do ambiente intrauterino. O cérebro de um bebê necessita ser protegido, o que reúne uma série de intervenções no ambiente, como redução de ruídos, horário do “soninho” (momento em que as luzes se apagam e não são realizados procedimentos) e o contato pele a pele, chamado de “posição canguru”, por acomodar o bebê de modo semelhante ao mamífero australiano, que coloca o filhote na bolsa abdominal. Ele é iniciado de forma precoce e crescente, por livre escolha da família, pelo tempo que mãe/pai e bebê entenderem ser prazeroso e suficiente.

A liberação para colocar o bebê no colo é realizada pelo médico neonatologista; depois, é realizada uma programação com a equipe de enfermagem e fisioterapia. Os benefícios são especialmente quanto ao ganho de peso, estabilidade térmica, melhora na função cardíaca, respiratória, imunológica, menor tempo de internação e promoção do desenvolvimento psíquico e afetivo de mãe e bebê.

Quando temos recém-nascidos gemelares, existe a possibilidade de realizar um canguru duplo e colocar os dois bebês em um colo. Esse dia é sempre sonhado pelos genitores, do reencontro entre irmãos. Mas nem sempre é simples e fácil de ser vivido; depende de condições clínicas, estado de saúde de ambos os bebês, alcance dos fios de monitorização e, acredite, da habilidade dos pais em segurar a dupla, porque muitas vezes eles querem se “acomodar” e ficam empurrando um ao outro, imitando os gestos que faziam intraútero. Presenciar canguru de múltiplos pode ser descrito como uma dança de irmãos. Para a família é emoção pura, é sentir de perto o primeiro momento de todos juntos, o começo do fim de uma internação não programada.

As marcas do contato afetivo com seus filhos nos momentos de posição canguru mobilizam muito a equipe, sendo parte do cuidado integral ao bebê e sua família.

Encerro com a vivência pessoal de uma mãe que passou pela UTI Neonatal do Hospital Sepaco. O texto é de autoria de Laiza Ferreira Chaib, mãe de dois gêmeos que ficaram internados em nossa UTI Neonatal e passaram pelo processo de acolhimento humanizado.

“Milagres acontecem e no meu caso foram em dobro. É o reencontro aconchegante de dois anjos abençoados nos braços de uma mãe que superou todos os obstáculos. São duas vidas, dois irmãos unidos na minha barriga, e agora presenciar o reencontro dos dois no canguru é uma emoção que não cabe no coração. É o amor mais puro e verdadeiro. Não é amor em dobro, é um só amor. Amor de mãe de gêmeos. Foto: Jonatas Oliveira

Sobre o autor

  • - Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Albert Einstein
    - Pós-graduada de Enfermagem em Cardiologia pela UNIFESP/EPM
    - Pós-graduada em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Albert Einstein
    - Pós-graduada em Gestão de Saúde pelo Centro Universitário São Camilo