Editorial – Oitava Edição
Eloá Otrenti
Enfermeira de educação continuada do Hospital Sepaco.
Desde maio de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem
investigando o aumento de casos de Monkeypox (Mpox) em regiões
não endêmicas. Em julho, a doença passou a ser tratada como
Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional.
Essa é a primeira vez que vários casos da doença são reportados
simultaneamente em países não endêmicos, em áreas geográficas
distintas.
A Mpox é uma zoonose viral, transmitida para humanos por meio
de contato com animal ou humano infectado; apesar de ter ficado
conhecida como varíola do macaco, primatas não humanos não
são reservatórios do vírus, todas as transmissões identificadas
no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre
pessoas. Os sinais e sintomas são similares, porém, consideravelmente
menos graves que a varíola.
Enquanto a varíola foi erradicada em 1980, casos de Mpox ocorrem
de maneira endêmica em países africanos. No entanto, a ocorrência
de casos em regiões distintas e sem aparente conexão de viagens
surpreendeu e lançou luz sobre o desafio da evolução e da propagação
de doenças, principalmente na vigência da longa pandemia por Covid-19.
Até 29 de julho de 2022, foram confirmados 21775 casos em 77 países;
no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, até 30 de julho de 2022, foram
confirmados 1342 casos, com maior concentração na região Sudeste.
Serviços de saúde ao redor do mundo precisaram preparar-se para
lidar com uma doença pouco conhecida e com grande potencial de
disseminação. As emergências de saúde que estamos vivenciando
são mais complexas em decorrência do constante movimento
global de pessoas e mercadorias. Diante delas, mesmo os
serviços e as equipes altamente qualificadas precisam de aprendizado
contínuo para realizar os atendimentos com segurança.
No Sepaco, as equipes de saúde foram treinadas via ambiente virtual
de ensino quanto aos sinais e aos sintomas da doença, assim como
ao procedimento para a coleta de material para análise. As equipes
de controle de infecção hospitalar, estomaterapia e educação
continuada se uniram para produzir um material personalizado para
preparar os profissionais.
Dessa forma, o investimento em ensino e pesquisa segue sendo
um pilar do Sepaco e, nesta edição, a revista Scientia traz três
artigos científicos escritos por médicos e enfermeiras que abordam
assuntos de interesse para a comunidade científica e em consonância
com o momento histórico que vivenciamos.
A discussão da saúde mental dos trabalhadores da saúde durante
a pandemia por Covid-19 tem recebido atenção, nesse sentido, as
autoras do relato de experiência “A saúde mental dos profissionais
de enfermagem frente à pandemia de Covid-19” partilham aspectos
do trabalho da equipe de enfermagem em terapia intensiva durante
a pandemia.
O relato de caso “Acidente vascular cerebral isquêmico em paciente
com forame oval patente, no pós-parto normal” partilha uma situação
inusitada que pode contribuir para que profissionais possam conduzir
a situação de maneira segura e eficiente diante desse quadro.
Apesar do crescente interesse e dos resultados positivos, ainda são
escassos os estudos sobre terapia assistida por animais. Nesse contexto
ganha destaque a revisão de literatura “Terapia assistida por cães
em ambiente hospitalar pediátrico no Brasil”.
Seguimos em frente diante dos novos desafios globais, estimulando
e preparando os profissionais do Sepaco com a finalidade principal
de oferecer cuidado qualificado e baseado em evidências.