Estratégias na gestão para atendimento de pacientes prematuros

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Elyana Reducino dos Santos Georgiou Vicente
Supervisora de Enfermagem da UTI Neonatal,
UTI Pediátrica e UTI Pediátrica Cardiológica

A UTI Neonatal do Hospital Sepaco conta atualmente com 30 leitos, tendo uma
média de ocupação de 80% nos últimos três meses. Somos reconhecidos pelas
operadoras de saúde como referência no atendimento de pré-natal de alto risco,
o que nos leva à necessidade de uma unidade equipada e com profissionais
especializados.

O perfil de pacientes na unidade é predominantemente de prematuros,
correspondendo a 38,2% das admissões no ano de 2021, sendo 46,8%
menores de 1500g, o que nos direciona para um atendimento não somente
especializado e focado nos cuidados, como também na humanização e no
acolhimento. A inclusão da família durante a internação é imprescindível
para definição do plano de cuidado, fortalecimento do vínculo afetivo e
também para redução do estresse causado pela hospitalização.

Uma das características definidoras da complexidade desses pacientes
é o alto índice de morbimortalidade, que está relacionada tanto a questões
socioeconômicas, qualidade do pré-natal, qualidade dos cuidados neonatais,
quanto à associação da prematuridade com síndromes genéticas e outras
malformações. A mortalidade dos pacientes prematuros no último ano
(2021), foi de 17,5%, conforme figura 1:

Figura 1: Dados da plataforma Epimed – Desfecho de Prematuros do Hospital
Sepaco em 2021.

Atualmente, o Hospital está melhorando sua linha de cuidado para
esses pacientes prematuros, sendo eles o acompanhamento desde
o pré-natal, o cuidado intensivo, a unidade de internação e, após a
alta, as consultas no ambulatório até 3 anos de idade.

No ano de 2021, reduzimos a idade gestacional de viabilidade de 27
semanas para 25 semanas, o que significa que mais de 50% dos
pacientes nascidos de 25 semanas tiveram uma melhora significativa
de resultados.

Para continuidade no cuidado de excelência, foram necessários alguns
ajustes em relação aos equipamentos, a disposição dos leitos e a equipe
multidisciplinar para garantir que as peculiaridades desses pacientes
fossem atendidas.


Os pacientes de muito baixo peso (<1500g) devem ser cuidados por
equipe de enfermagem altamente qualificada e com expertise de atuação.
Disponibilizamos dentro da UTI neonatal um salão com seis leitos para
realizar a admissão desses pacientes, onde contamos com estrutura e
tecnologia adequada. Temos uma equipe de 26 enfermeiros e 79 técnicos
de enfermagem, sendo que 82% das enfermeiras possuem capacitação e
habilidade na inserção de cateter PICC.


Foram desenvolvidas ao longo dos anos algumas estratégias para
diminuição do estresse durante o cuidado e os procedimentos, sendo
uma delas a realização de um “ninho” com lençol como contenção
para o bebê e a realização da sucção não nutritiva. A equipe estabelece
vínculo com o familiar, passando visitas diárias e ao exame físico avaliando
a necessidade de cada bebê, promovendo um cuidado personalizado e
humano.


Os pais podem ficar ao lado do seu bebê 24 horas, se assim for seu desejo.
A nutrição garante a oferta das principais refeições e temos sala de conforto
caso queiram ficar um pouco fora do ambiente estressante. Esse trabalho
exigiu a dedicação e a participação de uma equipe multidisciplinar muito
engajada e motivada, que não mediu esforços para que os detalhes
fossem atendidos. Incluindo as parcerias com a Engenharia Clínica, a
Manutenção e a Hotelaria.

Referência bibliográfica

• Richardson DK, Corcoran JD, Escobar, GJ, Lee SK. SNAP II and SNAPPE II simplifies
newborn illness severity and mortality risk scores. J Pediatr. 2001 Jan;138(1):92-100.

Sobre o autor

  • - Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Albert Einstein
    - Pós-graduada de Enfermagem em Cardiologia pela UNIFESP/EPM
    - Pós-graduada em Enfermagem Pediátrica e Neonatal pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Albert Einstein
    - Pós-graduada em Gestão de Saúde pelo Centro Universitário São Camilo