Fisioterapia Motora: aliada no desenvolvimento e qualidade devida de crianças hospitalizadas

Tempo de leitura: 5 minutos

Raphaella Cintra Ferreira Rocha

Supervisora da Fisioterapia
Infantil

Graziani França Bernardelli
Gestora do Serviço de Fisioterapia

A criança hospitalizada está sujeita
a diversos fatores de risco que se
associam à gravidade da doença,
ao estágio de desenvolvimento,
ao uso de certas medicações e
ao imobilismo durante o período
de internação. Esses elementos
podem resultar em fraqueza
adquirida, atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor, perda funcional
e deterioração da qualidade
de vida da criança 1.

Diante desses potenciais malefícios
da hospitalização, a fisioterapia
motora emerge como uma
importante aliada no contexto
terapêutico. Para amenizar
os efeitos deletérios decorrentes
da imobilidade, cresce o
interesse pela terapia com
mobilização precoce, tanto
em adultos quanto em crianças,
imediatamente após a
estabilização clínica do paciente 2.

A mobilização pode ser definida
como um conjunto de exercícios
de reabilitação adequados à
condição clínica e habilidades
motoras adquiridas, podendo
ser realizados de acordo com
as etapas de desenvolvimento
observadas. Além da redução
da fraqueza muscular, a mobilização
está associada à melhoria da
qualidade de vida e, frequentemente,
à diminuição do tempo de internação 1.

No caso das crianças, a mobilização
deve ser segura, eficaz, viável e
interativa, constituindo-se como
uma meta essencial de cuidado.
Alguns estudos destacam as
dificuldades estruturais, barreiras
culturais e limitações relacionadas
à equipe de saúde e ao próprio
paciente como obstáculos para
a adesão à mobilização
fisioterapêutica 1. Nesse contexto,
o Hospital Sepaco destaca-se
ao contar com uma brinquedoteca
ampla, bem equipada e lúdica,
visando a minimizar essas barreiras.

O treinamento de equilíbrio e
marcha direcionado à população
pediátrica é fundamental para
potencializar o desenvolvimento
infantil, estimular a aquisição de
novas habilidades e prevenir
quedas no ambiente hospitalar 2.
O espaço disponibilizado possibilita
a realização de cinesioterapia assistida
e ativa, assim como o treino de
transferências posturais (transição
para ortostase e deambulação
independente).

Figura 1. Uso de descarga de peso
de membro superior para fortalecimento
e auxílio para preparação de transferência postural.

Figura 2. Treino de marcha em solo
instável, para ganho de equilíbrio
e reações de endireitamento postural.

Além dos métodos convencionais
de assistência fisioterapêutica,
estamos constantemente explorando
novas técnicas para tornar a
reabilitação de crianças mais leve.
Nesse contexto, a bandagem
funcional surge como uma opção
promissora, visando a potencializar
a resposta proprioceptiva e conter
a evolução de alterações
neuromotoras e musculoesqueléticas,
como os encurtamentos musculares
predisponentes a deformidades articulares.

Todos os estímulos aplicados aos
indivíduos em tratamento –
somatossensorial, visual,
vestibular,auditivo, gustativo,
olfatório – são transmitidos
ao córtex cerebral de referência.
Este deve ampliar as possibilidades
de interpretação, aprendizado
e memória, visando a utilização
para motricidade e obtenção de
uma consciência corporal mais
adequada para a interação do
paciente com o meio em que
se encontra 3.

Ao estimular a pele para obter
resultados satisfatórios em terapias
físicas de reabilitação, é necessário
observar a relação entre os sistemas
nervosos e a epiderme, derme,
túneis e estruturas neurais transmitidas
através da pele, bem como a relação
entre os músculos, as estruturas
neurais e a pele, incluindo os
nervos cutâneos, que são altamente
acessíveis, sensíveis e respondem
imediatamente ao tratamento 3.

A técnica utiliza meios que asseguram
o bom desempenho do organismo,
posicionando corretamente as
estruturas musculares e articulares,
permitindo ajustar o posicionamento
e proporcionando relaxamento para
a prevenção de deformidades articulares.
A fisioterapia é essencial para a
manutenção e recuperação do quadro
funcional dos pacientes internados
em ambiente hospitalar.

Figura 3. Posição de flexão dos dedos
sem a bandagem. Após aplicação da
bandagem, membro bem posicionado
com estimulação da posição em
extensão.


Referências bibliográficas

  1. Daloia, L.M.T; Pinto, A.C.P.N; Silva,
    E.P. Barreiras e facilitadores da
    mobilização precoce da unidade
    de terapia intensiva pediátrica:
    revisão sistemática. Fisioter
    Pesqui. 2021;28(3):299-307.
  2. PRADO, Cristiane do; VALE,
    Luciana A. Fisioterapia
    Neonatal e Pediátrica.
    Editora Manole, 2012. E-book.
    ISBN 9788520447550.
    Disponível em: https://integrada.
    minhabiblioteca.com.br/#/
    books/9788520447550/.
    Acesso em: 02 out. 2023.
  3. JR., Nelson M. Bandagem
    Terapêutica – Conceito de
    Estimulação Tegumentar, 2ª
    edição. [Digite o Local da Editora]:
    Grupo GEN, 2016. E-book. ISBN
    9788527729673. Disponível em:https:
    //integrada.minhabiblioteca
    .com.br/#/books/978852772
    9673/. Acesso em: 02 out. 2023.

Sobre os autores

  • - Gestora do Serviço de Fisioterapia
    - Fisioterapeuta formada pela Unoeste
    - Especialista em Fisioterapia em Clínica Médica pela Unifesp
    - MBA em Gestão de Serviços em Saúde pela FVG
    - MBA em Gestão em Qualidade e Segurança do Paciente pelo IDOR

  • - Supervisora da Fisioterapia Infantil
    - Fisioterapeuta formada pela UNISA - Universidade de Santo Amaro
    - Pós-graduada em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal pelo ICR- HC/FMUSP
    - Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal pela ASSOBRAFIR