Neurofisiologia uma visão do especialista

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Dr. Ícaro França Navarro Pinto
Médico Neurologista e Neurofisiologista

A Neurofisiologia é uma subespecialidade
da Neurologia voltada especificamente
para o funcionamento do sistema nervoso.
Como especialidade médica, seu foco
está no diagnóstico e no tratamento
de doenças que afetam tanto o sistema
nervoso central quanto o periférico.
Devido ao seu campo de atuação,
na prática, a Neurofisiologia
caracteriza-se principalmente pela
perícia em exames que visam
investigar as respostas do sistema
nervoso central e periférico a
determinados estímulos – como
no caso da Eletroneuromiografia.

Sendo assim, estão no campo de ação
da Neurofisiologia o estudo, o diagnóstico
e o tratamento de problemas relacionados
às seguintes estruturas do nosso organismo:

  • Cérebro;
  • Cerebelo;
  • Medula espinhal;
  • Nervos.

Muitas vezes, disfunções nos sistemas
nervosos central e/ou periférico afetam
a coordenação motora e a própria estrutura
dos músculos. São os chamados problemas
neuromusculares, que também estão
no campo de ação da Neurofisiologia.

Em geral, o paciente chega ao neurofisiologista
para a realização de exames específicos,
a partir do encaminhamento de outro
especialista que esteja conduzindo o
tratamento ou a investigação diagnóstica
dos sintomas e/ou queixas apresentados.

Os exames complementares relacionados
à área são:

  • O Eletroencefalograma: utilizado para
    identificação de crises epilépticas,
    rebaixamento do sensório sem causa
    definida, encefalopatias dentre outros.
  • A Polissonografia: exame utilizado no
    diagnóstico de apneia obstrutiva do
    sono, na avaliação de sonambulismo,
    insônia dentre outros.
  • A Eletroneuromiografia: exame que
    fornece informações do sistema
    nervoso periférico, sendo utilizado
    para auxílio no diagnóstico de
    radiculopatias, plexopatias,
    neuropatias, doenças da junção
    neuromuscular e miopatias.
  • Potencial evocado: É um exame que
    provoca estímulos externos no
    paciente, por meio de eletrodos,
    que geram uma resposta do cérebro.
    O estímulo pode ser visual, auditivo,
    cognitivo, somatossentivo ou
    motor, dependendo de qual parte
    do corpo é necessário examinar.
    A resposta é captada e traduzida
    em gráficos ou ondas que são
    analisados pelos neurologistas.

Para realização desses exames, é necessário
um local apropriado e a duração do exame
varia, podendo durar 30 minutos, como no
caso do eletroencefalograma de rotina, ou
12 horas, como no caso da polissonografia.

Outro campo de atuação do neurofisiologista
consiste na monitorização intraoperatória.
A Monitorização Neurofisiológica
Intraoperatória (MIN) é um exame
diagnóstico que tem como finalidade
identificar lesões no sistema nervoso
durante cirurgias ortopédicas,
neurocirúrgicas, vasculares e otológicas,
possibilitando muitas vezes a reversão
da lesão e evitando possíveis sequelas.
Com o paciente sob anestesia geral,
são colocados eletrodos que
estimulam as vias neurológicas
e registram potenciais, como por
exemplo, os potenciais evocados
motores, potenciais evocados
somatossensitivos, potenciais
evocados de tronco cerebral,
eletromiografia e eletroencefalograma.
Essas respostas são interpretadas
pelo médico neurofisiologista
e reportadas à equipe cirúrgica,
que pode tomar condutas específicas
a partir da informação.

Como especialidade complementar,
é importante proporcionar ao médico
realizador do exame o máximo de
informações pertinentes ao caso,
podendo propiciar maior interpretação
dos achados conforme o contexto
clínico.

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