O farmacêutico clínico: atuação e os impactos das suas ações dentro do ambiente hospitalar
Bruno Galera Selestino
Supersivor de Farmácia do Hospital Sepaco
Thiara Abramo Maddalena
Especialização em Farmácia
Hospitalar pelo Hospital Pérola Byington
A farmácia clínica é, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF),
“a área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças, através do uso racional de medicamentos, com o propósito de alcançar resultados que melhorem a segurança e a qualidade de vida do paciente.”
No âmbito de suas atribuições, o farmacêutico presta cuidados à saúde e em todos os níveis de atenção, em serviços públicos ou privados.
Essa prática está regulamentada pela Resolução n° 585 de 29 de agosto de 2013. Dessa forma, o profissional possui embasamento legal para realizar as atividades dentro do âmbito hospitalar através de intervenções farmacêuticas, participações em comissões e equipes multiprofissionais, além de fazer visitas presenciais para, assim, proporcionar o melhor tratamento e atendimento aos pacientes.
O profissional farmacêutico exerce sua atividade com autonomia, baseado em princípios e valores bioéticos e profissionais, por meio de processos de trabalho, com padrões estabelecidos e modelos de gestão da prática.
Nesse sentido, a farmácia clínica e seus membros têm contribuído de maneira assertiva e produtiva no Hospital Sepaco nos últimos anos, com a implantação de ferramentas tecnológicas e capacitação profissional a fim de reforçar e estabelecer o papel do farmacêutico como membro necessário e atuante na equipe multidisciplinar. Isso é feito por meio do aumento da segurança no uso dos medicamentos, garantindo a melhor assistência com a maior qualidade no cuidado com o paciente durante sua permanência hospitalar até a sua desospitalização.
O farmacêutico clínico atua realizando inúmeras intervenções, conforme figura 1, dentre elas:
• Reconciliação dos medicamentos durante a admissão, transferência e alta dos pacientes;
• Acompanhamento e intervenção nas prescrições de acordo com o traçado do plano de cuidado/plano terapêutico com base nas diretrizes do cuidado;
• Gestão da prescrição nas avaliações de triagem e acompanhamento farmacoterapêutico, garantindo avaliação integral das prescrições, incluindo as alterações de conduta nos medicamentos em tempo real com suporte do sistema de gestão das prescrições (Sistema Tasy × Business Intelligence – BI);
• Intervenções direcionadas através dos Protocolos Clínicos Gerenciados;
• Altas orientadas que forneçam informações necessárias para contribuir com a importância no entendimento dos pacientes/familiares/cuidadores na continuidade do cuidado sob o uso/adesão no tratamento medicamentoso no pós-alta.

Figura 1: Comparativo do número de intervenções farmacêuticas realizadas nos anos de 2020 e 2021.
Como parte das competências do profissional farmacêutico clínico, existem as interações com outras equipes profissionais. Dentre elas, a relação com a equipe de nutrição clínica, em que o farmacêutico auxilia na avaliação de possíveis distúrbios gastrointestinais associados ao uso de medicamentos, promovendo orientações sobre as possíveis interações droga × nutriente e droga × alimento.
Outra importante interação do profissional farmacêutico é junto à equipe de fonoaudiologia com a atuação na análise da associação das drogas xerostômicas (que reduzem a salivação excessiva) na atenção à progressão da dieta via oral quanto à consistência para que se possa escolher a melhor forma farmacêutica a ser administrada. Dessa forma, o farmacêutico deve redobrar a atenção na orientação/comunicação quanto à manipulação adequada dos medicamentos que serão administradas pela sonda nasogástrica ou nasoenteral.
A atuação desse profissional junto à equipe de enfermagem é na orientação constante e efetiva quanto a alguns padrões de prescrição, por exemplo, dispensação, recebimento, armazenamento, preparo e administração correta dos medicamentos. Tudo isso visa garantir uma educação contínua sobre o uso correto dos medicamentos, contando também com o apoio de manuais de diluição, compatibilidades e interações, construídos com bases literárias confiáveis, disponibilizando-os de maneira rápida e de fácil entendimento.
Na interação com as equipes médicas, realizamos a discussão de casos nos quais abordamos a melhor opção terapêutica atrelada à evolução clínica dos pacientes considerando seus resultados de exames e prognóstico. Além disso, dispomos de um canal de comunicação chamado Sistema de Informação de Medicamentos (SIM), no qual o profissional farmacêutico presta auxílio quanto às dúvidas inerentes aos medicamentos de forma geral para todas as equipes multiprofissionais.
Outro ponto de destaque da atuação do farmacêutico clínico é a interação com os pacientes e seus familiares/cuidadores nas visitas na beira do leito. A visita tem como objetivo colaborar para uma desospitalização segura por meio da garantia de orientações para o uso racional dos medicamentos, que devem ser alinhados e compreendidos pelos pacientes e pelos familiares/cuidadores. Para que todo o trabalho seja possível e realizado com excelência, contamos com sistemas de gestão tecnológicos. Com isso, conseguimos obter agilidade de informações necessárias para a realização das análises de prescrição, tornando-as efetivas diante dos gatilhos definidos que auxiliam e direcionam a avaliação do farmacêutico de forma individualizada.
O farmacêutico clínico é essencial na condução correta e assertiva no cuidado medicamentoso dos pacientes. Sua atuação garante uma assistência segura e de qualidade no atendimento, promovendo o uso adequado da terapia medicamentosa durante todo o período de internação e no pós-alta.

Da esquerda para a direita:
Em pé: Leandro Santos da Silva, Ewerton Felipe Ulmann, Samara Duarte do Nascimento e Bruno Galera Celestino
Sentadas: Ana Rubia de Oliveira, Vanessa de Lima Silva, Letícia Souza Samia e Mayra Fernanda Moraes.