Mas o que é residência médica?

Tempo de leitura: 5 minutos

Débora Mendes Correia Silva
Fabio Alexandre Paiva Freitas

da Redação da Revista Scientia

No final do ano de 2019, a Secretaria Executiva da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), órgão ligado ao Ministério da Educação, concedeu um parecer favorável ao Hospital Sepaco para o credenciamento de dois programas de Residência Médica: Clínica Médica e Pediatria.

O primeiro grupo de residentes iniciou suas atividades em março de 2020, sendo estes selecionados por meio de um processo que ocorre em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Mas você sabe qual é o papel ou função de um(a) médico(a) residente? De fato, ele(a) já é médico(a) ou ainda um(a) estudante? Ele(a) faz parte de uma equipe (especialidade) exclusiva, é plantonista ou diarista?

A Residência Médica, nos moldes como a conhecemos hoje, surgiu em 1889, em Baltimore, nos Estados Unidos, na Universidade John’s Hopkins com o Dr. William Healstead.

Naquele ano (1889), o Dr. Healstead foi nomeado chefe do Departamento de Cirurgia. Percebendo que os pacientes tratados por médicos recém-formados tinham maior probabilidade de óbitos, nomeou quatro ex-internos (ou seja, recém-formados) para trabalharem em regime de treinamento nesta área, enquanto moravam no próprio hospital.

Ao longo de um período de quatro a seis anos, os alunos começavam com pequenas responsabilidades, que iam aumentando ao longo do processo, tais como cuidados pré e pós-operatório, para depois passar às cirurgias. No ano seguinte, na própria universidade, passou a usar esse sistema no departamento de Clínica Médica.

No Brasil, o primeiro programa de Residência Médica surgiu em 1945, na área de Ortopedia no Hospital das Clínicas da USP. Depois, foram criados os programas em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria e Obstetrícia/Ginecologia no Instituto de Previdência e Assistência do Servidor do Estado do Rio de Janeiro (IPASE), mas até 1955 eram poucos os recém-formados que passavam por esse processo.

Nos anos subsequentes, a Residência Médica passou a ser reconhecida amplamente como uma modalidade de pós-graduação praticamente obrigatória para quem se gradua no curso de medicina. Segundo Bacheschi (1998; p. 369), esse é o momento de “aprender a agir como médico”.

Em 5 de setembro de 1977, é publicado o Decreto nº 80.281, que define a primeira regulamentação referente a residência médica e institui a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). O programa passa a ser uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos já graduados, sob a forma de curso de especialização. Funciona em instituições de saúde, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional, sendo considerado o “padrão ouro” da especialização médica. A expressão “residência médica” só pode ser empregada para programas que sejam credenciados pela CNRM.

A legislação prevê que deva ser cumprida uma carga horária de, no máximo, 60 horas semanais, incluindo 24 horas de plantão, descanso obrigatório de 6 horas após plantão noturno de 12 horas e, ao menos, um dia de folga semanal e trinta dias consecutivos de repouso por ano de atividade.

O documento “Dados da Demografia Médica no Brasil 2018”, publicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), apresentou quais eram as especialidades mais e menos procuradas como residência médica (figura 1).

Figura 1: Dados da demografia médica no Brasil em 2018

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os Programas de Residência Médica, o convidamos a apoiar esse compromisso do Hospital Sepaco com a formação de novos profissionais médicos cada vez mais capacitados e atualizados. Oriente-se nos processos institucionais, procure sempre atuar de forma multidisciplinar, compartilhe seus conhecimentos, potencializando assim essa formação.


Referências bibliográficas
1 Bacheschi L A. A residência médica. Educação médica. São Paulo: Sarvier; 1998. p. 369

2 Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP. Demografia Médica no Brasil 2018. [publicação online]; 2018 [acesso em 05/mai/2021]. Disponível em http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index10/?numero=15&edicao=4278#page/3.

3 Horii C L. Um estudo da residência médica para a compreensão da formação continuada de professores. (Dissertação de Mestrado). São Paulo:Universidade de São Paulo; 2013.

Sobre os autores

  • - Assistente Administrativa do Instituto de Ensino e Pesquisa no Hospital Sepaco
    - Cursando Administração de Empresas pela UNIP
    - Técnica em Química pelo Colégio Kennedy
    - Técnica em Segurança do Trabalho ETEC

  • - Enfermeiro de Ensino e Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa no
    Hospital Sepaco
    - Bacharel e licenciado em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná
    - Aprimoramento em Saúde Baseada em Evidências pelo Hospital Sírio Libanês
    - Especialista em Enfermagem em Emergência pelo Hospital das Clínicas da FMUSP
    - Especializando em Gestão e Engenharia da Qualidade pela Poli-USP