Experiência baseada em simulação no preparo da equipe de enfermagem para implantação do time de resposta rápida nas unidades de internação

Tempo de leitura: 5 minutos

Eloá otrenti
Da redação da revista scientia

Addans domingues dos santos
Enfermeiro instrutor de treinamento do pronto atendimento

A parada cardiorrespiratória (PCR) permanece como uma das
emergências cardiovasculares de grande prevalência e com
morbidade e mortalidade elevadas. A atualização da Diretriz
de Ressuscitação Cardiopulmonar da Sociedade Brasileira de
Cardiologia indica, entre os pontos essenciais no sucesso do
atendimento da PCR, a capacitação e o exercício do algoritmo
de atendimento e a criação de sistemas de times de resposta
rápida. O Hospital Sepaco, visando à excelência no atendimento
ao paciente crítico, a partir de agosto de 2022, implantou seu
Time de Resposta Rápida (TRR), com a finalidade de atender
a situações de emergência nas Unidades de Internação Adulto
e Unidade de Cuidados da Mulher (UCM).

O conceito de TRR surgiu na Austrália, na década de 1990, como
uma medida para identificar e agir rapidamente frente a quadros
de deterioração de condições clínicas em enfermaria (1). Segundo
o Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, com o passar
do tempo, as acreditadoras passaram a exigir a existência dessas
equipes, o que contribuiu para sua disseminação. Porém, no dia
a dia dos hospitais, os Times de Resposta Rápida ainda encontram
dificuldades (2). No Sepaco, o TRR é formado por um Médico e um
Enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva Adulto; essa equipe
se desloca até a unidade solicitante, direcionando e/ou auxiliando
a equipe local. O acionamento ocorre em casos de Parada
Cardiorrespiratória (PCR), Intubação Orotraqueal (IOT), Choque
e Arritmia com instabilidade. A fim de implantar o atendimento
do TRR, foram realizados treinamentos em duas etapas, para toda
a equipe de enfermagem das unidades mencionadas previamente.
Na primeira etapa, todos os participantes assistiram a um
treinamento online, disponível na plataforma de ensino institucional.
Esse treinamento teve duração de 20 minutos, com vídeo gravado
especialmente para essa finalidade. O conteúdo contemplava
identificação da PCR, solicitação de ajuda com acionamento do
time de resposta rápida, início imediato das compressões,
organização da equipe e papéis de cada membro, medicações
utilizadas, ritmos chocáveis e não chocáveis, ventilação correta,
identificação de retorno da circulação espontânea e cuidados.

A segunda etapa foi a validação prática das habilidades. Para isso,
foram organizados ciclos rápidos de simulação, com 4 ou 5
participantes da equipe de enfermagem acompanhadas por dois
validadores; a duração prevista dessa atividade foi de uma hora.
Essa etapa foi ofertada nos três turnos de trabalho para viabilizar
a capacitação de 100% da equipe de enfermagem das unidades envolvidas.

Os participantes foram orientados a realizar o atendimento completo
do paciente, em manequim de baixa fidelidade. Foram disponibilizados
materiais para o atendimento simulado. Os validadores, munidos de
um checklist de ações, faziam pausas na cena para indagar possíveis
falhas. O checklist contemplava todos os passos que devem ser
realizados para o atendimento adequado à PCR, conforme conteúdo
teórico prévio.

A validação do aprendizado por meio da prática simulada foi
realizada pela equipe de Enfermeiros Instrutores de Treinamento:
Addans Domingues, Joana Santos, Lara Soriano, Nanci Ferreira,
Roberta Rocha, Tamires Ávila, as e enfermeiras de Educação
continuada do Instituto de Ensino e Pesquisa Eloá Otrenti e
Erika Santos.

Vale destacar que a primeira e a segunda etapa aconteceram
no mesmo mês, portanto, os participantes da atividade prática
haviam assistido à videoaula há pouco tempo. Todos os
conteúdos foram elaborados de acordo com as diretrizes da
American Heart Association.

Após 27 dias de treinamentos, foram capacitados 249 profissionais.
A avaliação dos participantes e da equipe de instrutores foi positiva
quanto à efetividade da ação e à potencialidade da estratégia adotada.
Esta é mais uma ação do Hospital Sepaco, objetivando a segurança
e a excelência no atendimento ao cliente.

Os próximos passos serão a capacitação de times para o atendimento
ao paciente pediátrico e à gestante a partir da 33ª semana, públicos
esses que requerem uma atenção especial, visto que o atendimento
possui algumas particularidades.

Equipe de enfermagem em treinamento

Referências bibliográficas

• Rocha, H A L, Alcântara A C C, Rocha S G M O, Toscano C M.
Efetividade do uso de times de resposta rápida para reduzir a
ocorrência de parada cardíaca e mortalidade hospitalar: uma
revisão sistemática e metanálise. Rev. bras. ter. intensiva
[Internet]. 2018 Sep; 30(3): 366-375.

• Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente. Time de
Resposta Rápida: acionar ou não? Disponível em: https://segurancadopaciente.com.br/qualidade-assist/time
-de-resposta-rapida-acionar-ou-nao/.

Sobre os autores

  • - Enfermeira de educação continuada do Hospital Sepaco
    - Doutora e mestre em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
    - Especialista em Gerência de serviços de Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina
    - Produtora de conteúdo audiovisual e designer instrucional

  • Enfermeiro instrutor de treinamento do pronto atendimento
    - Especialista em Gerenciamento e Liderança em Enfermagem pelo Centro Universitário São Camilo
    - Especialista em Educação Continuada e Permanente em Saúde pela Universidade Anhanguera
    - Especialista em Cardiologia pela Faculdades Metropolitanas Unidas
    - Especialista em Fisiologia Humana pela Faculdade de Medicina do ABC
    - Graduado em Enfermagem pela Universidade de Mogi das Cruzes